Era uma vez, num reino muito distante, um rei que tinha uma filha que estava em idade de casar. A rapariga era muito bonita e tinha muitos pretendentes. Um dia chegaram três príncipes de reinos vizinhos que anunciaram o seu desejo de casar com a princesa. Então o rei decidiu mandar-lhes fazer uma prova para decidir com quem casaria a sua filha. “Todos são dignos da mão da minha filha e não consigo decidir. Por isso, quem me trouxer, daqui a um ano e um dia, o presente mais fascinante, casará com a minha filha”.
Os príncipes aceitaram e partiram. Chegaram a um cruzamento que se dividia em 3 caminhos e antes de cada um seguir o seu, decidiram encontrar-se no mesmo sítio quando tivessem terminado o seu desafio para poderem comparar os presentes. Passado um ano voltaram ao sítio combinado, cada um com uma oferta diferente para o rei. O primeiro príncipe tirou do saco um tapete. “É um tapete voador. Quem nele se sentar poderá voar até onde quiser em muito pouco tempo”. O segundo mostrou uma pomada curativa. “Uma pequena porção curará qualquer mal”. O terceiro trouxe uma bola de cristal. “Mostra tudo o que quisermos ver, em qualquer lugar do mundo”. Então disse o segundo príncipe: “Aproveitemos a bola de cristal para ver como está a princesa”. Colocaram as mãos por cima da bola, que mostrou o rei sentado numa poltrona a chorar e a sua filha deitada na cama, rodeada de médicos. “A princesa está doente”, disse o terceiro príncipe. “Depressa”, disse o primeiro, “subam rápido para o tapete”. Demoraram poucos minutos a chegar ao palácio. A princesa estava muito mal e os médicos diziam que nada podiam fazer por ela. Então o segundo príncipe abriu o frasco da pomada e passou-a pelas mãos da princesa. Passado uns momentos, ela abriu os olhos. “Milagre”, disse o rei, “a minha filha está curada”.
Nessa mesma noite, os príncipes juntaram-se ao rei, à princesa e ao conselho real e disse o segundo príncipe: “Majestade, todos trouxemos presentes mágicos mas não há dúvida que a minha pomada é o mais precioso pois salvou a princesa”. “Mas sem o meu tapete nunca chegaríamos a tempo”, argumentou o primeiro. “E sem a bola de cristal nunca saberíamos que estava doente”, respondeu o terceiro. Perante este dilema, o rei pediu o parecer do conselho. Todos tinham uma opinião diferente e discutiram durante muito tempo, sem conclusão. Até que o conselheiro mais jovem pediu a palavra: “Todos agradecemos o que fizeram os príncipes pela nossa princesa. Mas nunca chegaremos a um veredicto sobre qual o artefacto mais valioso pois todos eles foram de igual utilidade. Mais importante do que a nossa opinião, deve ser a opinião da princesa, pois é ela quem deveria escolher o seu futuro esposo”. Todos aprovaram as palavras sábias do jovem conselheiro e olharam para a princesa, à espera de uma decisão. A princesa ficou em silêncio mas logo respondeu: “Ficarei para sempre em dívida com os príncipes por me terem salvo a vida, mas não posso casar com quem pretende antes agradar a meu pai do que me agradar a mim. Prefiro casar-me com um homem sábio e que respeite a minha opinião. Se tenho que escolher um esposo, escolho então o conselheiro”. Todos ficaram surpreendidos com a decisão da princesa. O rei aceitou-a e mandou preparar o casamento, com os três príncipes como convidados de honra. Então a princesa e o conselheiro casaram e viveram felizes para sempre.
Texto adaptado por Sónia Santos e Ricardo Domingos
Sem comentários:
Enviar um comentário