Era uma vez um mercador que vivia com as suas três filhas. A mais jovem era a mais bonita e carinhosa e por isso chamavam-lhe “Bela”. Um dia, o pai teve de viajar para longe em negócios, e Bela pediu que lhe trouxesse uma rosa, porque na sua terra não havia. O homem partiu, tratou dos seus negócios e preparou-se para o regresso. Na viagem de volta, começou a chover muito. Desesperado, procurou um sítio para se refugiar e chegou a um magnífico palácio. Bateu várias vezes sem resposta. Então, decidiu entrar. O interior era muito rico e bem decorado. O velho mercador percebeu que a mesa estava posta para uma pessoa, com comida quente e vinho. O homem chamou e ninguém respondeu. Com fome e cansado, não resistiu e começou a comer.
Quando acabou, foi à procura de alguém pela casa mas não viu ninguém. Resolveu então entrar num dos quartos que tinha a porta aberta e estava iluminado. Descansou um pouco e adormeceu. No outro dia, saiu de casa, espantado por não ter visto ninguém. À saída, no jardim, viu uma roseira com lindas rosas e, ao lembrar-se da promessa feita à sua filha, colheu a rosa mais bonita da roseira. Ouviu, então, atrás de si um rugido e viu um homem muito feio, com cara de animal, que disse: “É assim que pagas a minha hospitalidade, roubando as minhas rosas? Para castigo serás meu criado para sempre”. O mercador, assustado, explicou que a rosa era o presente para uma das suas filhas. O Monstro propôs-lhe, então, uma troca: dentro de uma semana devia voltar uma das suas filhas em seu lugar. Apavorado, o homem regressou para casa. Contou às filhas o que tinha acontecido e Bela disse: “Foi por minha causa que enraiveceste o Monstro. Devo ir eu em teu lugar”. De nada valeram os protestos do pai. Passados sete dias, a Bela partiu para cumprir o acordo do seu pai com o Monstro. Chegada ao palácio, não encontrou ninguém. Chegou então a uma porta e leu um bilhete que lá estava colocado: “Este é o seu quarto”.
Na hora do almoço, sentiu baterem à porta. Abriu e encontrou-se com o homem com cara de um animal. Assustou-se e começou a gritar com medo. E disse o Monstro: “Sei que tenho um aspecto horrível, mas não sou mau e espero que a minha companhia, um dia, possa ser-te agradável. Por agora, queria pedir-te para que me honres com a tua presença ao almoço”. Bela aceitou e aos poucos compreendeu que o Monstro não era malvado. Bela foi-se sentindo cada vez mais afeiçoada àquele estranho homem, que era muito gentil, culto e educado. Uma tarde, o Monstro levou Bela ao jardim e, timidamente, disse-lhe que se tinha apaixonado por ela e pediu-a em casamento. Surpreendida, a rapariga não sabia o que dizer e pediu para ir ter com o pai, para este lhe dar o seu conselho. O Monstro deixou-a ir, fazendo-a prometer que regressaria após sete dias.
Quando o pai viu a Bela de novo, ficou muito feliz. Bela começou a contar tudo o que acontecera. Os dias foram passando e a Bela não percebeu que já tinham passado mais do que os sete dias prometidos. Uma noite, sonhou que o Monstro estava caído no jardim. Lembrou-se da promessa e correu para o palácio, onde encontrou o Monstro caído no chão. Então, Bela abraçou-o: “Acreditava ter por ti só uma grande amizade e admiração, mas agora percebo que te amo”. Com aquelas palavras o Monstro abriu os olhos. E perante Bela começou a transformar-se num belo rapaz e contou-lhe que um feitiço o tinha transformado naquele ser e que só o amor verdadeiro de uma rapariga podia quebrar o encantamento. Então, Bela aceitou o pedido de casamento e viveram felizes para sempre.
Texto adaptado por Sónia Santos e Ricardo Domingos
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